Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão 2020.
teorias de aprendizagem e o e-learning
Essa é uma afirmação que, constantemente, encontramos em diferentes canais de comunicação. Também, podemos encontrar a mesma afirmação nos discursos dos profissionais da educação, tanto os que se apropriam desse contexto quanto os que ainda precisarão encontrar estratégias para se adaptar a ele.
O fato é que as mudanças na tecnologia de informação e comunicação acabam por gerar, também, mudanças nos próprios sistemas educacionais, desde a forma como apresentamos e desenvolvemos os conceitos com os estudantes até o modo como o professor realiza o planejamento da sua aula.
As gerações mais novas (Geração Y e, principalmente, Geração Z) nascem dominando as tecnologias, e, por vezes, seu processo de aprendizagem acontece de diversas formas e por diferentes recursos. As estratégias de e-learning e a gama de possibilidades, que o avanço das tecnologias de comunicação e informação são apresentadas, permitem a apropriação de conceitos que, por vezes, foram ignorados no contexto educacional, como o de aprendizagem colaborativa e em rede, por exemplo.
Compreender o modo pelo qual as pessoas aprendem sempre foi importante. Contudo, estamos em um contexto cada vez mais diversificado, em que as ferramentas utilizadas pelos professores já não são mais apenas a lousa e o giz. Assim, torna-se necessário questionar o modo como ensinamos.
A forma como ensinamos e como aprendemos precisa ser compreendida para que as condições necessárias para à aprendizagem sejam devidamente pensadas e planejadas. O papel dos atores envolvidos nesse processo mudou. É preciso, portanto, compreender qual é o papel de cada um deles. Como? Com base nas teorias de aprendizagem, que nos permitem refletir sobre essas questões.
Então, por que precisamos compreender as principais teorias de aprendizagem para pensar metodologias ativas em ambientes virtuais, por exemplo?
As teorias de aprendizagem permitem ao profissional de educação adquirir conhecimentos, competências e habilidades para repensar as estratégias pedagógicas de ensinar e aprender em meio a um contexto contemporâneo extremamente inovador e tecnológico. Uma tarefa um pouco desafiadora, tendo em vista as características tradicionais impregnadas nas escolas e na concepção pedagógica de gestores e professores.
As teorias de aprendizagem partem do estudo do desenvolvimento humano, da sua evolução cognitiva, social e emocional, para compreender a relação entre o modo como o estudante aprende e as condições necessárias para que o aprendizado aconteça. Buscam explicar a relação professor–aluno–situação de aprendizagem, bem como a relação entre o conhecimento existente e o novo conhecimento.
A escola tradicional defende a figura do professor como o detentor do conhecimento; logo, professores repassam informações aos alunos. A evolução tecnológica permite a busca pelo saber, razão pela qual o acesso à informação é constante, o que torna a função do professor muito maior do que a de “transmissor do conhecimento”. Assim, as teorias de aprendizagem nos permitem refletir sobre esse novo papel.
Dentro de um sistema de e-learning, o design do ambiente de aprendizagem oferece uma maneira de conceituar uma variedade de estratégias em um todo coerente e valioso. Um ambiente de ensino é uma coleção de recursos e atividades que se voltam para o aprender, a qual é deliberadamente curada, ou seja, usar conhecimento especializado para recomendar os componentes mais relevantes e úteis para os aprendentes e os propósitos específicos do ambiente de aprendizagem, com um conhecimento específico para a necessidade de desenvolvimento de habilidades pensadas pelo professor. Esses recursos e atividades incluem materiais de referência e recursos de informação (livros, artigos, vídeos, links), conexões interpessoais com especialistas, treinadores e colegas, atividades formais de aprendizagem, como treinamento e programas de graduação, atividades elaboradas por gestores e destinadas a apoiar o desenvolvimento e as ações realizadas pelos alunos.
Projetar estes ambientes faz com que o aluno tenha condições de estruturar seus conhecimentos em cursos, possibilitando-lhes vários tipos de pesquisas, inclusive na internet, desde que em sites confiáveis e, preferencialmente, de cunho acadêmico.
São vários os profissionais que trabalham para pensar um ambiente de aprendizagem. A estratégia de criação, provavelmente, exigirá uma colaboração profunda com especialistas em tecnologia e provedores externos, a fim de alinhar as ferramentas e os recursos mais úteis para o desenvolvimento de conhecimento e das habilidades. Esse é o pano de fundo para o surgimento da estrutura de design do ambiente de aprendizagem. Contudo, pensar essas estratégias exige um conhecimento que é pedagógico: o conhecimento dos processos de ensino e de como o aluno absorverá este conteúdo. Assim, tão importante como os desenvolvedores e o design é o profissional da área da educação que agregará valor ao ambiente por meio das estratégias que envolvem esse processo.
O profissional da área da educação, através dos estudos das diferentes teorias de ensino, poderá organizar, de forma colaborativa, com uma equipe multidisciplinar, o plano e as estratégias de ensino, utilizando o e-learning e considerando as possibilidades de aprendizagem individuais e coletivas, de forma progressiva e adaptativa.
Um ambiente de aprendizagem é uma coleção de recursos e práticas que possibilitam o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades. Ele é constituído por pessoas em uma rede, livros em suas estantes, acesso a materiais específicos da internet, suporte de seus gerentes e formas como o aprendizado acontece todos os dias apenas trabalhando, além de outros recursos e atividades potenciais. Para aprender em qualquer momento, as pessoas utilizam o que está disponível nas imediações (seja fisicamente próximo, seja acessível por meio da tecnologia). Em um sentido muito real, todos vivem em um ambiente de aprendizagem. As pessoas estão, constantemente, envolvidas em atividades e interações que promovem aprendizado e crescimento e também cercadas por indivíduos e recursos que os sustentam. Uma grande variedade de ferramentas encontra-se disponível para pesquisa e interação social.
Esse conjunto de ferramentas para o desenvolvimento de ambientes de aprendizagem expandiu-se rapidamente durante as últimas décadas, juntamente com a mudança das demandas dos alunos. Essa expansão se deve, também, às novas tecnologias que tornam possíveis algumas técnicas e recursos.
Mas, vamos retomar à pergunta inicial desta discussão:
Por que precisamos compreender as principais teorias de aprendizagem para pensar metodologias ativas em ambientes virtuais, por exemplo?
Poderíamos responder a esse questionamento com a seguinte indagação: como é possível tratar de ambientes virtuais, que utilizam novas tecnologias e metodologias ativas para mediar os processos de ensino e aprendizagem, sem compreender o desenvolvimento humano e o modo como os alunos aprendem?
Temos, daí, a resposta para o nosso questionamento inicial. Precisamos compreender as principais teorias de aprendizagem para pensarmos em ambientes virtuais para:
Alinhar o conhecimento pedagógico ao conhecimento tecnológico é uma das principais estratégias de sucesso para o e-learning.
Compreender que a educação passou por grandes transformações e precisa acompanhar as mudanças tecnológicas considerando as necessidades históricas, sociais e cognitivas dos alunos é uma das grandes funções sociais dos espaços de aprender, tanto os físicos quanto os virtuais. Nesse sentido, o estudo das teorias de aprendizagem é fundamental para nortear não só os processos de ensino e de aprendizagem, como, também o olhar dos atores pedagógicos envolvidos.
Uma empresa metalúrgica de grande porte resolveu implementar uma universidade corporativa a fim de capacitar os funcionários e oportunizar constante atualização da área. Para tanto, decidiu que não poderia contar apenas com profissionais de TI, RH e da área referente ao escopo da empresa. Em reunião do conselho, definiu-se que, para capacitar funcionários, deveriam ser respondidos os seguintes questionamentos:
O conselho resolveu montar uma equipe multidisciplinar, considerando os questionamentos a fim de garantir a aprendizagem dos funcionários. Quais profissionais devem compor essa equipe?
Para aprofundamento do tema, leia o seguinte artigo:
Martins, A. C. T. et. al. (2024). Motivação e Tendências no e-Learning: uma Nova Era para a Educação. Revista Foco. Curitiba (PR). v.17; n.1; e4074; p.01-18. - Disponível em https://bit.ly/2881 acesso em 01/04/2024
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Lombardozzi, C. (2015). Learning environments by design. Alexandria: Association for Talent Development.
Piaget, J.(1989). A linguagem e o pensamento da criança. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes.
_____. (1972). Psicologia e Pedagogia. Rio de Janeiro: Forense.
Vygotsky, L. S.(1985). A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes.
_____. (1997). Introdução à psicologia escolar. 3. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo.
_____. (2001). A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes.
LEARNING THEORIES AND THE DESIGN OF E-LEARNING ENVIRONMENTS - EDU620-1.1
Teorias de aprendizagem e o e-learning
Imagens: shutterstock
Livro de referência:
Learning Environments by Design
Catherine Lombardozzi
Alexandria: Association for Talent Development, 2015